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JÁ É HORA DO SHOW DAS PODEROSAS?


Anitta em cena do clipe 'Vai Malandra' Reprodução/Divulgação


“Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição.”[i]

Mano Brown


“Se não tá mais à vontade, sai por onde entrei.”[ii]

Anitta



Ao nascermos somos um corpo biológico totalmente dependente do cuidado e do olhar do outro. Explicados e definidos na linguagem, aos poucos nos constituímos e acessamos a cultura a qual fomos inseridos[iii]. A sorte, poderíamos dizer, apresenta-se no quando e onde nascemos. Boa parte da nossa trajetória de vida estará definida ali, no onde e quando viemos ao mundo: família, cultura e época.


Preenchido originalmente pela fala dos nossos primeiros cuidadores, sua mãe ou outros que exerçam esta função, pouco a pouco somos inseridos no nosso ambiente. Nascidos brancos em um bairro nobre de uma grande cidade ou negras em uma região pobre e periférica de qualquer metrópole e nosso destino estará praticamente traçado na maternidade[iv], como já nos apontou Cazuza.


Palavras nos afetam e colocam nosso imaginário e simbólico em lugares escolhidos por aqueles que nos antecederam. Dependendo disso parece difícil abrir novas possibilidades dentro um cardápio de futuros possíveis inventado por terceiros[v].


O Brasil, um país marcado pela descoberta de seus colonizadores, carrega em seus marcadores culturais posições cuidadosamente fixadas ao longo de mais de quinhentos anos de subjugação de populações escravizadas, eliminadas ou controladas à força pelo poder político e econômico dominante. Um discurso avalizado desde a tradição colonial donde negros, indígenas e pobres têm utilidade e posição especificamente demarcadas no quadro econômico, social e geográfico. Um poder que submete e limita voos e potência a quem não é de seu interesse.


Tratada como minoria nas esferas de decisão, a maioria oprimida, apesar de alguns avanços, ainda permanece sob vigilância do Estado e de um discurso hegemônico. Discurso esse que cuidadosamente normaliza uma força de trabalho e consumo em desamparo estatal e sob controle policial, sustentado por uma fantasiosa democracia racial e meritocracia econômica, que ofereceria oportunidades equivalentes a quem por elas trabalhasse.


Sair dessa posição, continuamente produzida, é tarefa árdua e dependente de diversos fatores que não nos cabe aqui pesquisar. Produzir um discurso dissidente dentro de outra dominância é a própria experiência de liberdade espinosiana, como nos apresenta Deleuze em seu texto sobre o filósofo:


“[...] o homem não nasce livre, mas torna-se livre ou liberta-se, e o Livro IV da Ética traça o retrato deste homem livre e forte (IV, 54 esc.). O homem, o mais potente dos modos finitos, é livre quando entra na posse de sua potência de agir, ou seja, quando seu conatus é determinado pelas ideias adequadas de onde decorrem afetos ativos, que se explicam por sua própria essência.” (DELEUZE, 2002, p. 89)


Reconhecer o discurso de um Outro, perceber suas diferenças e interesses a fim de produzir suas próprias marcas não é pouco. Os principais meios de comunicação ainda financiam o discurso dominante com espaços limitados aos divergentes, que quando apresentados, seguem com pouca exposição e na maioria das vezes limitadas a nichos: acadêmicos, coletivos ou internos às próprias comunidades que o produzem.


Apesar disso, não deve ser desconsiderado o poder transformador de um discurso dissidente em um cenário aparentemente estabilizado[vi]. A arte, por vezes, é capaz de perceber e antecipar questões do seu tempo, abrir ou ratificar posições. Nessa perspectiva vale citar dois fenômenos musicais que, em épocas e posições diferentes, foram capazes de atravessar o discurso hegemônico e abrir flancos e lugares, às vezes reconhecendo realidades apagadas e, em outros momentos, ocupando espaços restritos.


Nessa perspectiva iremos trabalhar dois exemplos: o grupo de rap paulistano Racionais MC’s e seu disco Sobrevivendo no inferno lançado em dezembro de 1997; e a cantora carioca Anitta.


No primeiro caso nos referimos ao álbum Sobrevivendo no inferno de 1997 dos Racionais MC’s. Um álbum celebrado pela crítica e pelo público, tendo vendido mais de 1,5 milhão de cópias. Um feito ainda maior se considerado que o mesmo foi lançado por um selo independente, sem o suporte das grandes gravadoras que controlavam o mercado fonográfico à época.


Neste disco, os Racionais retratavam diretamente em suas letras a realidade da vida nas periferias paulistanas. Apesar de ser um estilo musical diretamente associado àquela geografia, especialmente na década de noventa do século passado, como o grupo afirmou em uma de suas letras: “Periferia é tudo igual. […] Periferia é periferia (em qualquer lugar). Gente pobre. […] E a maioria aqui se parece comigo.”[vii]; o disco foi capaz de influenciar ouvintes para além dos limites da sua cidade de origem, como nos relata Arthur Rocha em seu livro sobre o mesmo, “Já encontrei versos do Racionais em muros de favelas cariocas, como a Rocinha e o Dona Marta, assim como em Jurunas, periferia de Belém, no Pará.” (ROCHA, 2021).


Sem romantismos ou certezas, suas letras retratavam a complexidade da vida naquele lugar. Nem mocinho ou bandido, pastor ou pecador, trabalhador ou vagabundo; o morador da periferia podia se identificar na canção que trazia a realidade do seu cotidiano, muito diferente do retrato simplista, repetitivamente declarado pelos meios oficiais de comunicação, donde favela era sempre lugar de traficante e marginal.


Mais que simplesmente fazer crítica ao discurso preponderante, trazia lugar aos insistentemente excluídos da sociedade oficial, sem estar acima ou abaixo de qualquer um dos seus integrantes, mas capaz de “estar ao lado do bandido (sem se confundir com ele)” (OLIVEIRA, 2018).


Ou mais longe ainda, como OLIVEIRA cita em seu texto, alguns pensadores sobre o fenômeno:


“Para o ensaísta Francisco Bosco, por exemplo, o reconhecimento obtido pelo grupo após o sucesso nacional de ‘Diário de um detento’ foi o grande responsável por fazer com que os debates promovidos pelos movimentos identitários extrapolassem as fronteiras mais estreitas da academia e dos movimentos sociais, ganhando assim o campo mais amplo da cultura. Já para o sociólogo Tiaraju D’Andrea, mais do que simplesmente representar o cotidiano periférico em crônicas poderosas, a obra dos Racionais ajudou a fundar uma nova subjetividade, criando condições para a emergência do que ele define como 'sujeito periférico': o morador da periferia que assume sua condição, tem orgulho desse lugar e age politicamente a partir dele.” (“O evangelho marginal dos Racionais MC’s”, Acuam Silvério de Oliveira)


Mais do uma teoria acadêmica o poderia classificar, a música e texto do grupo foi capaz “de, literalmente, salvar vidas. Esse é o grau de radicalidade dessa produção” (OLIVEIRA, 2018). Ou como a filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira Djamila Ribeiro declarou:


“Foi um despertar muito potente da minha visão de negritude, como mulher negra que tinha passado por um processo de discriminação a vida inteira, de ter vergonha de ser o que era, e o Sobrevivendo no inferno marca esse lugar, do quanto eu me sentia acolhida e protegida por ter aquelas pessoas, os Racionais, falando sobre aquilo e o quanto eu podia falar também”[viii].


O discurso dos Racionais ia contra o mito da tradição conciliatória, se afirmando divergente e desinteressado do projeto de nação mestiça como identidade nacional amplamente defendido por nossa história. Se afirmar diferente e de outro lugar, trazia uma posição singular e potente, muito diferente da eterna segunda classe social de serventes e trabalhadores braçais. Alguns críticos questionavam o quanto esta posição poderia se sustentar quando, após tanto sucesso, o grupo fosse finalmente “engolido pelo sistema”.


O tempo passou e hoje, mais de vinte anos depois, a obra permanece, infelizmente, atual e os integrantes do grupo mantém sua voz original, ainda dissidente e marginal ao discurso padrão. Mano Brown continua capaz de posicionar-se de modo singular, mesmo em situações aparentemente amistosas. Foi o caso da sua fala em plena reta final do segundo turno das eleições presidenciais de 2018, em meio a elite intelectual, artística e política da esquerda nacional, posicionou-se de forma incisiva e contrária “ao clima de festa” que reinava no evento[ix]. Uma fala mais uma vez rasgante ao lugar comum, mesmo entre amigos, e capaz de abrir fendas criativas.


O rap nacional, desde sempre, foi questionado e criticado: música de baixa qualidade, letras com erros de português, imitação de hip-hop americano, música de gueto, de marginal e por aí afora. Setores tradicionais, longe da realidade das periferias, viraram as costas ao movimento, localizando-o como uma ação distante dos melhores bairros da cidade e restrita às periferias da cidade.


Mano Brown, sua voz mais importante, em sua posição independente e não “tragada pelo sistema” como alguns imaginavam, não seguiu o roteiro clichê do sujeito periférico de sucesso. Aquele que, uma vez bem-sucedido, abandona seu local de origem e passa a morador dos bairros nobres da cidade. Sem diferença ou crítica é apenas mais um nos seus luxos e marcas aparentes de sucesso. Rapidamente, esse ex-periférico “seduzido pelo sistema”, passa a exemplo do bom caminho a ser seguido e prova de que a meritocracia capitalista sabe reconhecer o esforço e talento.[x]


Mano Brown, que não segue esta cartilha, é um estranho de complicada decodificação ao cidadão médio. Ao manter-se em sua posição singular, dissidente e de difícil assimilação, parece não ameaçar e ter alcance restrito ao seu gueto, esquerdistas e intelectuais; sem oferecer riscos ao sistema dominante. Talvez venha mais daí, e menos de sua expressão na maioria das vezes fechada e de poucos amigos, uma certa tolerância à sua posição dissidente e ausência de ataques diretos.


Exceção feita quando sua produção sai do seu lugar de origem, avança e contamina lugares do comum e não periférico, como quando o Sobrevivendo no inferno foi inserido no vestibular da Unicamp. Nesse não-seu-lugar, transforma-se em ameaça, portanto alvo de ataques e combate[xi]. Enquanto restrito ao seu grupo não merece atenção, melhor ser ignorado e vigiado, ao primeiro sinal de movimento, aí sim, combatido.


Em outra posição, com suas semelhanças e diferenças, Anitta segue sua própria trajetória. Ela e Mano Brown, vêm da periferia, ela do Rio de Janeiro e ele de São Paulo, ambos profissionais da música e gêneros bastante representativos de suas origens. Ela com funk carioca e ele com rap paulistano. Assim como o rap, o funk carioca é continuamente associado a criminalidade, recebendo críticas bastante semelhantes ao rap paulistano.


Anitta, distante mais de uma década do lançamento do maior sucesso dos Racionais MC’s, surgiu em mercado musical muito diferente do seu colega de profissão. A musica digital em plataformas de streaming tomaram a posição dos discos em vinil e CDs, que praticamente acabaram. Além disso, o fenômeno das redes sociais tomaram conta das comunicações e ela, soube como poucos, tirar proveito do seu alcance.


Hoje Anitta passa dos 62 milhões dos seguidores no Instagram e 17 milhões no Twitter. Uma artista de alcance global, lançando músicas em português, espanhol e inglês, em parceria com diversos artistas de diversas nacionalidades, e com presença em programas de TV não só no Brasil, mas em outros países da América Latina, EUA e Europa. Em 2022 chegou a liderar o ranking mundial de execução no Spotfy, principal plataforma musical, com a música Envolver.

Seu primeiro sucesso, Meiga e Abusada, lançado em 2012, quando a cantora tinha apenas 19 anos, anunciava, já na sua primeira frase, “eu posso conquistar tudo o que eu quero”[xii]. Hoje, dez anos depois, parece que ela queria muita coisa.


Anitta é mulher e, desde o início de sua carreira, soube se posicionar como tal. No videoclipe do seu primeiro sucesso, ela já brincava com personagens característicos do imaginário patriarcal, transitando entre a boa menina de classe média e a mulher fatal, sedutora de homens em Las Vegas nos EUA.


Ao longo de toda sua carreira, posicionou-se claramente como mulher independente, desejante e livre em seus escolhas e relacionamentos. Neste tempo, casou-se, separou-se e circulou em diversas situações e mídias, com namorados, ficantes e encontros casuais. Tendo afirmado seu posicionamento e interesses sexuais, sem receio de julgamentos ou restrições quanto ao uso de sua própria sensualidade, em suas apresentações, vídeos e sua vida pública amplamente compartilhada em suas redes sociais.


Parafraseando Leila Diniz, atriz brasileira falecida em 1972, ela poderia também dizer, “Eu posso dar para todo mundo, mas não dou para qualquer um”[xiii]. Assim como foi Leila, Anitta é julgada e condenada, só que nesses tempos de forma online, muitas vezes anônima e quase sempre em tempo real, no tribunal moralista das redes sociais. Tratada pelos adjetivos mais agressivos, novamente como sua antecessora, não modifica seu comportamento e reafirma sua posição de mulher independente, agindo conforme seus próprios interesses.


Ela que começou seu carreira como cantora de funk, estilo musical nascido nas favelas cariocas e seus bailes[xiv], hoje avançou por diversos estilos, desde a música pop global até a música de qualidade brasileira, como quando cantou uma composição de Ary Barroso em companhia dos mestres de nossa MPB, Gilberto Gil e Caetano Veloso, na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016 na cidade do Rio de Janeiro, indo muito além do esperado para uma simples cantora de funk, música de favela.


Além de compositora e performer, Anitta é gestora de sua própria carreira. Sem intermediários ela negocia seus contratos e agenciamentos, também posicionando-se como uma mulher de negócios. Ultrapassou os limites do mercado da música e do entretenimento quando chocou o mercado: primeiro ao assumir a posição de Head de Inovação e Criatividade da Skol Beats, marca do grupo Ambev; e, segundo, ao assumir uma cadeira no Conselho de Administração do Nubank. Não foram poucos os ataques a ela e às instituições, tendo sido questionada sua competência ou simplesmente considerando a ação como uma bem montada ação de marketing. Como aceitar uma mulher, vinda da favela, mal instruída, livre e sensual, assumir posições tão desejadas pelo homens bem nascidos, mais competentes e melhor preparados do mercado?


Anitta é uma artista e empresária internacional, com um patrimônio avaliado em mais de R$500 milhões[xv], que transita diariamente por celebridades mundiais, mas assim como Mano Brown, mantém o contato e expõe, a todo momento, suas origens e ligações com as favelas cariocas. Elas estão presentes na suas composições, imagens de videoclipes, cenários de shows, figurinos, redes sociais e entrevistas. Ao longo de toda sua produção, como ela mesma gosta de repetir e realizar[xvi].


Diferentemente do seu colega Mano Brown, Anitta teve ambições globais e saiu do seu território de origem, mas assim como ele, de alguma forma foi capaz de manter suas raízes no seu discurso e na sua obra.


Anitta foi muito além do que era esperado de uma mulher favelada e, diferentemente de Brown, infiltrou-se no sistema, aprendeu suas regras, trabalhou e ocupou posições que não estavam no destino traçado na sua maternidade. Ao disputar e conquistar esse espaço, sem ceder à tentação de cortar seus laços originais, mantendo-se vinculada à periferia na vida, em sua obra e no discurso, passou a ser ameaça.


Mulher, favela e sucesso não podem caminhar juntos segundo nosso discurso patriarcal, colonial e escravista e, por conta disso, ela deve ser combatida e pagar o preço, recebendo ataques contínuos por calúnias, difamações e ameaças criminosas. Parece impossível a estes ameaçados/ameaçadores estarem em pé de desigualdade com uma mulher de periferia, que assume um espaço, originalmente garantido a eles, e que lhes avisa: “prepara que agora é a hora do show das poderosas”[xvii] e “se não tá mais à vontade, sai por onde entrei”[xviii] porque eu não vou sair de um lugar que agora também é meu.



Referências


DELEUZE, G. Espinosa: filosofia prática. São Paulo: Escuta, 2002.

DUNKER, C. I. L.; PAULON, C. P.; MILÁN-RAMOS, J. G. Análise psicanalítica de discursos: perspectivas lacanianas. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2016.

MC'S, R. Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

OLIVEIRA, A. S. D. O evagelho marginal dos Racionais MC's. In: MC'S, R. Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

ROCHA, A. D. O livro do disco - Racionais MC's: sobrevivendo no inferno. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.


- - - - -

[i] “Capítulo 4, Versículo 3”, Mano Brown, 1997.

[ii] “Show das ponderosas”, Larissa Machado (Anitta), 2013.

[iii] “Quando chegamos ao mundo, a linguagem nos é imposta pelo outro, e por isso ela é a própria forma elementar que Lacan chamará de Outro, lugar de onde recebemos nossa própria mensagem invertida, a partir do inconsciente.” (“Análise Psicanalítica de Discursos: Perspectivas Lacanianas”, Dunker, Paulon e Milán-Ramos, 2017, p. 54)

[iv] “Nossos destinos foram traçados na maternidade.” (Trecho de “Exagerado”, Cazuza, 1985)

[v] “O discurso é um laço social que não se reduz à soma das suas falas individuais, mas é uma espécie de condição de possibilidade para um conjunto de enunciados possíveis.” (“Análise Psicanalítica de Discursos: Perspectivas Lacanianas”, Dunker, Paulon e Milán-Ramos, 2017, p. 18)

[vi] “[...] um discurso necessariamente efetua algo no mundo. No discurso misturam-se sobre o que se fala, com quem se fala e quem fala, em uma combinatória cujo resultado realiza uma transformação - daí que ele seja um conceito eminentemente usado para analisar relações de práxis e relações de poder.” (“Análise Psicanalítica de Discursos: Perspectivas Lacanianas”, Dunker, Paulon e Milán-Ramos, 2017, p. 62)

[vii] “Periferia é periferia (em qualquer lugar)”, Edi Rock, 1997.

[viii] “O livro do disco - Racionais MC's: sobrevivendo no inferno”, Arthur Dantas Rocha, 2021, p. 84.

[ix] "’Vim apenas me representar. Não gosto do clima de festa. A cegueira que atinge lá, atinge aqui também. Isso é perigoso. Não tá tendo clima pra comemorar’, disse o cantor, que calou o público nos arcos da Lapa.” (“Em comício no Rio, Mano Brown critica PT e é defendido por Chico e Caetano”, Folha de São Paulo, 23/10/2018)

[x] “[...] o discurso ideológico é aquele que pretende coincidir com as coisas, anular a diferença entre o fazer e o pensar, o dizer e o ser e, destarte, engendrar uma lógica da identificação que unifique pensamento, linguagem e realidade para, através dessa lógica, obter a identificação de todos os sujeitos sociais com uma imagem particular universalizada, isto é, a imagem da classe dominante.” (CHAUÍ, 1986, p. 45, apud DUNKER, PAULON e MILÁN-RAMOS, 2016, p.222)

[xi] “[…] Já na internet, o debate foi bem menos intelectualizado. ‘Em primeiro lugar, o que acho de Racionais: uma bosta, lixo, poluição sonora, não é música’, disse em um vídeo Arthur do Val — deputado estadual em São Paulo, pelo DEM. ‘Agora a Unicamp, paga com nosso dinheiro, decidiu colocar os Racionais. O cara que vai fazer medicina, engenharia, vai ter que estudar isso.’ Ele então descreve a faixa ‘Qual Mentira Vou Acreditar’, dos versos ‘Me formei suspeito profissional / Bacharel pós-graduado em tomar geral.’ ‘[Tomar geral], pra quem não entendeu, é assaltar’, diz.” (“Obra-prima dos Racionais MC's, 'Sobrevivendo no Inferno' vira livro após ser exigido em vestibular”, Folha de São Paulo, 16/11/2018)

[xii] “Meiga e abusada”, Larissa Machado (Anitta), Jefferson dos Santos Jr, Claudia Teles, 2012.

[xiii] “Uma das suas (Leila Diniz) frases mais famosas foi uma resposta a um coronel do interior que ofereceu dinheiro para dormir com ela. Depois de ser recusado, o coronel engrossou: ‘Mas Leila, você dá para todo mundo!’. Com a irreverência de sempre, ela respondeu: ‘Sim. Eu posso dar para todo mundo... Mas não dou para qualquer um!’.” (“Os asteriscos de Leila Diniz”, Mirian Goldberg, Folha de São Paulo, 07/06/2011)

[xiv] Eventos continuamente associados ao tráfico de drogas e sexo pelo discurso oficial e combatido por forças policiais, com pouco ou nenhum critério, sob aplauso do cidadão de bem que, assustado por uma violência urbana em constante crescimento, ainda aposta na repressão como solução.

[xv] Sítio Wikipedia, visualizado em 14/07/2022.

[xvi] “Anitta já tinha apresentado seu show internacional nos Estados Unidos. Desta vez, a cantora carioca levou seu funk e a favela para a Europa.” (“Anitta explica conceito do cenário com favela em palco: ‘A música pode virar arte e mudar vidas’”, Programa Fantástico, 27/06/2022)

[xvii] “Show das ponderosas”, Larissa Machado (Anitta), 2013.

[xviii] Ibid.

 
 
 

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