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TRAINEE DO BEM

Atualizado: 7 de dez. de 2022


Foto: Saulo Nicolai @saulonicolai



Outro dia, em conversa com um VP de uma multinacional, ele comentava sobre a importância do seu programa de trainees como fonte de recrutamento de novos talentos.


Fruto de sua experiência de mais de duas décadas em posições de liderança (ele mesmo um ex-trainee), dizia-me que, ano após ano, o processo vinha se tornando progressivamente competitivo, com candidatos muito bem preparados, pós-graduados, e que os finalistas, em sua maioria, já se apresentavam, inclusive, com experiência internacional.


Disse-me, ainda, que o desafio na chegada daqueles jovens não era acadêmico, mas comportamental. Como dar “um choque de realidade” a um grupo muito bem preparado, mas pouco vivido, sem a experiência dos desafios e oportunidades próprios da vida prática?


Em um mundo complexo, competitivo e segmentado por bolhas algorítmicas, saber conciliar diferenças, operar com recursos limitados e transitar em diferentes tribos são requisitos essenciais à inovação e ao desenvolvimento de qualquer empresa, especialmente startups.


Ao mesmo tempo, sabemos que a periferia brasileira, com seus enormes problemas, obriga seus moradores, desumanamente, e a custo de muito esforço, a “se virar”, a se adaptar, a negociar e a inventar em último grau; até mesmo como estratégia de sobrevivência.


Não se trata, aqui, de romantizar essa experiência ou de não denunciar o absurdo dessas condições, mas de buscar alternativas que possam contribuir.


Não estaria aí uma possibilidade real de mudança? Que tal oferecer oportunidades a esses jovens, normalmente fora dos nossos filtros de recrutamento e seleção, oferencendo-lhes programas de trainee que invertam a lógica corrente? Ao invés de treinar novos comportamentos a jovens bem formados, algo muito mais caro e difícil, deveríamos treinar nossos jovens da periferia em suas deficiências acadêmicas, trazendo-lhes às empresas como mestres e doutores na proatividade e inovação.


Nossas empresas deveriam, se não por responsabilidade social, mas por eficiência e lucro, buscar, desde já, essa inversão. Todos os anos, infelizmente, essa “lógica” antiquada se repete e milhares de oportunidades são perdidas.


Cabe a nós agir agora e inventar novos futuros!


 
 
 

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